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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE INTERVENÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE ARTES VISUAIS
LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
POLO APARECIDA DE GOIÂNIA
ESTÁGIO III E ATELIÊS INTEGRADOS
ANTONIA LUZ DE FREITAS LIMA


Após registrar algumas imagens estáticas e algumas em movimento do trecho por mim delimitado (três quadras: duas na Avenida Sonnemberg e uma na Avenida Pedro Ludovico, na cidade Jardim, Goiânia-GO.) fiz esse mesmo percurso a pé por várias vezes, no entanto, cada uma delas pareceu-me singular embora seja local conhecido, as proximidades de minha casa e uma parte do trajeto que faço para o trabalho. A partir das minhas andanças no percurso, tive a oportunidade de ver que a educação pode ocorrer em qualquer lugar. A cidade então, como um organismo vivo, recheada por diversas culturas é uma fonte inesgotável de comunicação fazeres e saberes.
Ao trilhar entre as diversas culturas que movimentam a cidade com um olhar etnográfico, indagativo, à procura de situações e espaços pedagógicos, ou seja, portas de entrada para uma ação educativa na cidade percebi melhor que sou parte integradora desse tecido social, onde cada um tem a chance não só de ensinar, mas também de aprender sempre com a cidade. Numa interação entre arte, cultura e vida.
É realmente “Um espaço de encontro entre a cidade e o outro” e entre estes e a escola. De acordo com Moacir Gadotti (2005) quando fala da escola com potencial político diz que “É uma escola presente na cidade e que cria novos conhecimentos sem abrir mão do conhecimento historicamente produzido pela humanidade, uma escola científica e transformadora”.
Dentre as idas e vindas e as possibilidades que sondei, seja com uma conversa informal com as pessoas locais, ou apenas observando ao máximo o contexto de tudo que me cerca dentro desse percurso, foi em um viveiro de plantas que encontrei maior potencial educativo! Dado o perfil do ambiente que não é apenas comercial, mas também multidisciplinar e multicultural. Existe lá um pequeno acervo de peças históricas. Este espaço sempre recebe estagiários da área ambiental, arquitetura, biologia, paisagismo.
Então, marquei entrevista com a paisagista e designer de interiores, Maialú de Freitas Pereira, que é formada pela Faculdade de Artes desta Universidade e falei da minha busca de parceria para uma ação educativa na cidade em consonância com as poéticas visuais .Esta disse então, que pensava mesmo em fazer um trabalho lá, mas ainda não sabia como, nem por onde começar e se colocou à disposição. Filmei e fotografei a visita etnográfica.
Após apresentar-me à equipe gestora (que também escolhi como porta de entrada) do Colégio Estadual Cultura e Cooperativismo a fim de propor parceria para a ação educativa na cidade, expliquei que já contava, inclusive, com a outra porta como parceira - o viveiro de plantas Garden Nobilis.
Assim, convidei alguns estudantes, expliquei que seriam depois, multiplicadores dos conhecimentos adquiridos nas ações que empreenderíamos em artes visuais, tanto na escola como na comunidade, eles se prontificaram em participar. Voltei então alguns dias depois à escola, para falar ao grupo de estudantes do ensino fundamental e do ensino médio sobre o assunto tratado no projeto artístico pedagógico que havia elaborado com a mediação dos professores tutores e formadores tanto em discussões nos fóruns, como no presencial para desenvolver junto aos alunos. Contudo, disse a eles que estava aberta às suas contribuições para imcrementá-lo.
Para realizar a proposta deste estágio III - a ação de intervenção educativa na cidade - por intermédio das poéticas visuais dividi-a em três fases. No 1º momento foi uma exposição sobre arte contemporânea e proposição de pesquisa individual sobre o tema. No 2º momento, excursão a pé para a aula no viveiro e no 3º, a produção artística, o painel-convite. Intencionei promover situações que possibilitassem: o olhar crítico perceptivo sobre as visualidades que cercam o cotidiano dos alunos, a questão ambiental e a interação com a comunidade.
Numa tentativa de tentar despertar o interesse na criação de viveiro de plantas na escola, visando oportunizar o surgimento de iniciativas próprias da parte dos alunos e o desenvolvimento de valores humanos como espírito colaborativo, inclusivo, elevação da autoestima, consciência ambiental e alteridade, ao se envolverem mais com a escola.
No 1º momento exposição na escola, ao grupo de estudantes do ensino fundamental e médio sobre as visualidades que permeiam o cotidiano de todos, sobre a arte contemporânea. Propondo pesquisas individuais para aprofundamento, sobre arte conceitual e artistas que trabalham com intervenções na cidade.
O 2º momento foi a caminhada com o grupo até o viveiro. A aula básica no dia da visita seria como ficou acertado entre a paisagista e eu, conforme a curiosidade dos participantes e as problematizações que fossem surgindo. Assuntos sobre a relevância dos ecossistemas para o meio ambiente, a importância das plantas nos ambientes e na cidade em geral. Foi explicado o manejo de plantas, o modo de plantio e rega, manutenção, bem como o nome e natureza de muitas das espécies presentes ali. Foi comentado a respeito da comercialização, os preços das espécies que são mais procuradas pelo público, das populares às exóticas. E a estética paisagística, foi tudo bem explanado.
Percebi nos participantes, grande interesse pelo conhecimento quando da visita ao viveiro. Tanto por querer saber como é sua rotina, como em perguntas e questionamentos sobre assuntos ambientais e, pelo entusiasmo quando da produção das fotos para o banner, mas quanto à mensagem escrita (peço licença aqui à professora Fernanda ou outros, por ter usado na composição, o termo caro estudante) apesar de ter solicitado a parceria deles, preferiram deixar para mim, a tarefa.
O 3º momento foi dedicado à produção artística. Durante todo o semestre fui tomada por ansiedades e expectativas. Mais ainda quanto a esta ação de intervenção educativa, ou seja, a produção de uma obra artística que representasse melhor a minha intenção exposta no projeto artístico pedagógico. Desejosa de que sua mensagem alcançasse o maior número possível de jovens e comunidades e atendesse às minhas expectativas de contribuição. Pois, entre estudos de teóricos deste curso e de outros citados por eles e, a realização de outras leituras pertinentes, entremeadas ao planejamento intervenção que culminaria com a produção coletiva da obra artística, não foram poucos os ensaios e erros em busca do fazer bem feito.
Notei que havia um misto de expectativas e surpresas, não só nos participantes, mas em todos os alunos que se aproximavam enquanto elaborávamos o painel na escola, sobre aquele diferente (para eles) jeito de fazer arte. A mesma surpresa foi para mim ao trabalhar num espaço não formal. A rua com suas visualidades, as trocas de saberes no viveiro e a produção da instalação com a turma no quintal da escola. Este, aliás, estava tomado de capim molhado da chuva.
Ao chegamos no colégio, pela manhã com o material: as plantas, as cordas, o banner e o suporte, quando alguém me disse: você vai encarar esse mato aí? Olhe a altura dessa árvore! Vou. Respondi. Se precisar usaremos facão, pois quero levar esta grade lá para cima. Mas para minha surpresa, outros alunos pediram para se juntar ao grupo para participar e ajudaram muito nos trabalhos de içar o painel até o alto do ipê.
Durante todas as atividades pude observar atitudes de respeito e colaboração entre os membros do grupo e aumento de interesse da parte de alguns que, a princípio, pareciam tímidos, desmotivados, mas ao final, se mostraram mais desenvoltos e participativos. Apresentaram estar com a autoestima mais elevada. Incluídos, valorizados, com vontade de empreenderem, criarem alguma coisa.
Pois em uma de nossas conversas, os jovens comentaram sobre a possibilidade de, junto ao cultivo de plantas, criarem um espaço, espécie de cantinho verde, para eles na escola, com banquinhos e mesas onde todos pudessem praticar a convivência. Achei interessante e louvável esta idéia. Aprendemos muito juntos nesse curto, mas, tão significativo tempo de convívio. Nas concepções de Paro (2001), “não há ensino se não se deu o aprendizado” Posso dizer que os resultados da intervenção atenderam aos meus objetivos.
Contudo, gostaria que meu projeto não parasse ali que pudesse dar continuidade a ele por julgar relevantes os assuntos nele tratados como: Artes Visuais, valores humanos, meio ambiente e, as descobertas ao longo dessa trilha. Mas a efemeridade da arte dada a dinâmica da sociedade contemporânea pós moderna, não nos dá muito tempo para reflexões posteriores, pois, tão logo terminamos a ação entusiasticamente com a produção da obra artística, vi que poderia representar artisticamente melhor minha caminhada (desde o início dos estudos no semestre ao mapeamento e percurso etnográficos até ali, naquela ação com os estudantes, agora, nossa caminhada). Madalena Freire nos aponta caminhos ao afirmar “se perdemos a ilusão, é para revitalizar nossos sonhos, desenvolvendo condições e nos instrumentalizando para sonhos mais reais.
Porém, ficava ali um gancho por onde alguém pudesse complementar o meu projeto e a nossa obra, ou mesmo contrapô-la. Isto lembrou-me Gombrich ao afirmar que, em termos estritamente cognitivos, a criação artística não é diferente da científica, ou de qualquer outro processo de descoberta.
Durante todas as atividades pude observar atitudes de respeito e colaboração entre os membros do grupo e aumento de interesse da parte de alguns que, a princípio, pareciam tímidos, desmotivados, mas ao final, se mostraram mais desenvoltos e participativos. Apresentaram estar com a autoestima mais elevada. Incluídos, valorizados, com vontade de empreenderem, criarem alguma coisa. Pois em uma de nossas conversas, os jovens comentaram sobre a possibilidade de, junto ao cultivo de plantas, criarem um espaço, espécie de cantinho verde, para eles na escola, com banquinhos e mesas onde todos pudessem praticar a convivência.
Achei interessante e louvável esta ideia. Juntos aprendemos muito nesse curto, mas tão significativo tempo de convívio! Nas concepções de Paro (2001), “não há ensino se não se deu o aprendizado”.
Descobri que o olhar artístico e consciente faz com que percebamos não só a nós, mas ao outro também, assim como é necessário mudarmos sempre o modo de ver as coisas e as pessoas à nossa volta e desconstruir estereótipos, dada diversidade cultural que permeia o tecido social. Praticar a alteridade, ensejando a reconstrução social é o mínimo que cada um pode fazer. Diante do exposto posso dizer que os resultados da intervenção atenderam bem aos meus objetivos.

EM CONSTRUÇÃO


INTERFACES EM CONSTRUÇÃO - POSTAGENS TEMPORÁRIAS


PAINEL SUSPENSO NAS ÁRVORES DO QUINTAL DO COLÉGIO ESTADUAL CULTURA E COOPERATIVISMO GOIÂNIA - INSTALAÇÃO FEITA COLETIVAMENTE POR ALUNOS DA ESCOLA E EU


COM MURO RETOCADO


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010











UMA PARTE DO GRUPO





UMA VEZ TERMINADO O PAINEL, COMEÇAMOS A IÇÁ-LO NO GALHO DE UMA ÁRVORE NO QUINTAL DA ESCOLA, QUE FICARÁ VOLTADO PARA A RUA.



ESTE DE CAMISA AZUL É MEU FILHO, ALUNO DO COLÉGIO




COMEÇAMOS A COMPOSIÇÃO DO PAINEL



COLABORAÇÃO DA COMUNIDADE. TESTANDO A RESISTÊNCIA DO SUPORTE. O MESMO TRATA-SE DE UMA GRADE DE JANELA. TOMEI DE EMPRÉSTIMO DA COMUNIDADE




PARTE INTERNA DO COLÉGIO


ALGUNS ALUNOS DO PROJETO NA QUADRA DA ESCOLA, AGUARDAM OS OUTROS PARTICIPANTES.



3º MOMENTO DA INTERVENÇÃO EDUCATIVA E CULMINÂNCIA DO PORJETO ARTÍSTICO PEDAGÓGICO


domingo, 28 de novembro de 2010